Inscrito na lista do Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1991, e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1993, o Parque Nacional da Serra da Capivara, além da riqueza ambiental, é um santuário histórico e cultural que abriga 400 sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres que datam de cerca de 43 mil anos. Com aproximadamente 129 mil hectares de proteção integral à natureza, abrange quatro municípios piauienses. Fica no semiárido nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície. Abriga fauna e flora específicas da Caatinga.
Histórico
A Serra da Capivara representa um dos mais importantes patrimônios culturais pré-históricos. Na UC, encontra-se uma grande concentração de sítios arqueológicos com pinturas rupestres. Os vestígios humanos remontam a 60 mil anos. Estão cadastrados 912 sítios, dos quais 657 apresentam pinturas rupestres.
Pelo seu valor histórico e cultural, o Parque foi declarado em 1991 Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Há 70 milhões de anos, a região era coberta pelo mar, segundo pesquisas científicas. Grandes animais rondavam em manadas de mastodontes, super-lhamas e bichos-preguiça chegavam a ter 8 metros de altura, segundo a arqueóloga Niède Guidon.
Encontrou-se no sítio arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, vestígios do homo sapiens que datam de 50 mil anos – o que levantou a discussão sobre a teoria arqueológica sobre a vinda do homem do continente americano que teria saído da Ásia e atravessado a pé o estreito de Behring, entre 12 e 15 mil anos atrás.
A região foi ocupada por caçadores-coletores e agricultores ceramistas.
Atrações
O Parque está estruturado para visitação. Existem 14 circuitos com várias trilhas para acessar os sítios arqueológicos e lugares de interesse natural para visitar monumentos geológicos, formações vegetais.
A visita completa pode ser realizada em 6 dias, incluindo o Sítio do Boqueirão da Pedra Furada – onde foram feitas as primeiras escavações e as datações sobre o homem pré-histórico.
Os outros circuitos turísticos são integrados pelo Desfiladeiro da Capivara, Baixão da Vaca e Toca do Paraguaio, Circuito do Veredão, Circuito da Chapada, Circuito da Jurubeba, Baixão do Perna, Andorinhas e Circuito da Serra Branca.
Todos os circuitos estão repletos de sítios arqueológicos estruturados com escadas, passarelas e acesso para pessoas com necessidades especiais.
O Baixão das Andorinhas é um grande desfiladeiro de onde se pode assistir, ao final da tarde, ao espetáculo da volta das andorinhas para o fundo do Boqueirão.
O QUE FAZER
1) Visita aos sítios arqueológicos e históricos: No parque, acompanhados pelos condutores, os visitantes podem fazer diversos circuitos, compostos de vários sítios com acesso rápido e fácil e estacionamento próximo, principalmente os acessíveis a cadeirantes.
2) Caminhada: Existem vários treckings, em diversas categorias, desde os mais leves, de 20 minutos, aos mais pesados, de 4 a 6 horas de caminhada e diversos níveis de dificuldade. Recomendamos a visita ao Caldeirão dos Rodrigues, com belas pinturas, caminhada de 4 horas (ida e volta) nível médio de dificuldade, assim como a Trilha Interpretativa Hombu, Trilha dos Maniçobeiros e Veadinhos azuis.
3) Mirantes: O Parque possui diversos pontos que propiciam belas vistas da paisagem, como o Alto da Pedra Furada, Vista Panorâmica da Pedra Furada, Serrinha, Olho-d´-agua da Serra Branca, Toca do Conflito, Mirante da BR-020, entre outros.
4) Cicloturismo: Para quem gosta de pedalar, existem alguns condutores especialistas no esporte, com passeios leves ou pesados, de acordo com o gosto e condição física de cada um. É necessário levar a bicicleta. O parque ainda não dispõe do serviço de aluguel/bicicletário.
5) Baixão das Andorinhas: Para um final de passeio e final de tarde, é possível observar os Andorinhões descendo aos abrigos nos cânions (boqueirões). Se tiver sorte, poderá observar também o planar dos urubus-rei, que gostam de frequentar o cânion. Além das aves, a paisagem do cânion ruiniforme é espetacular, principalmente no variante das Andorinhas.
6) Observação de Pássaros: Para quem gosta de passarinhar, andar pelas trilhas e estradas de terra do parque pode proporcionar belas e coloridas surpresas.
7) Museu do Homem Americano: Mostra as evidências da ocupação humana na região. Possui acervo composto por peças líticas, esqueletos, peças cerâmicas e outros artefatos das escavações arqueológicas na região da Serra da Capivara, além de um painel com exposição das pinturas rupestres dos sítios arqueológicos da região, em slides contínuos, com um belo fundo musical.
8) Cerâmica: No entorno da unidade é possível conhecer a produção de cerâmica com motivos de pinturas rupestres e o trabalho dos artesãos.
9) Iluminação Noturna: No Boqueirão da Pedra Furada o visitante pode experimentar a sensação de observar os paredões iluminados à noite. Deve-se agendar com antecedência no Centro de Visitantes.
10) O Parque possui também um Centro de Visitantes, com banheiros, lanchonete, auditório e lojinha, além de salão de exposição. No auditório o visitante pode assistir a um breve documentário sobre o parque, se desejar.
Aspectos naturais
O Parque situa-se no semi-árido nordestino, numa fronteira entre formações geológicas que envolvem as serras, cales e planícies e abriga uma flora e fauna características de caatinga.
Esta área possui um importante potencial para o desenvolvimento do turismo cultural e ecológico e representa uma alternativa para o desenvolvimento da região.
Relevo e clima
As chuvas são raras, irregulares e as temperaturas altas. Não há rios perenes no Parque e existem longos períodos de estiagem.
A temperatura média anual é 28° C. Em junho, a média é de 25° C e a máxima de 35°C. O início da estação de chuvas em outubro e novembro são os períodos mais quentes do ano com uma temperatura média de 31° C e máximas alcançando a 47° C.
O relevo é formado por chapada – planície e baixões (declives) – com paredões das serras de até 200 metros
Fauna e flora
Do total de 615 espécies de plantas encontradas na caatinga, 72% são específicas do sudeste do Piauí.
Dos animais, destaca-se o mocó (roedor das caatingas) presentes nessa região há, pelo menos, 30 mil anos. Há o registro de 33 espécies de mamíferos, 24 morcegos, 208 espécies de aves, 19 de lagartos, 17 serpentes e 17 sapos.
Entre os primatas estão os guaribas Alouatta caraya, macacos prego (a população local utiliza instrumentos de pedra para quebrar frutos de jatobá) e saguis. Os tatus, incluindo o ameaçado tatu-bola, são típicos, além de onças, caitetus, veados, jacus, cotias, preás, serpentes, iguanas.
A densidade de onças-pintadas Panthera onca no parque é de 1,3 indivíduos/50 km2, superior ao observado em outras partes do Brasil. A recuperação da população desses felinos se deve à maior proteção após a efetiva implantação do parque e à criação de pontos de água permanentes, o que possibilitou o aumento da população de espécies-presa.
A criação desses pontos de água (na maioria pequenas represas em linhas de drenagem e "caldeirões" naturais que foram limpos) foi duramente criticada por técnicos do então IBAMA durante a elaboração do primeiro plano de manejo pela equipe da FUMDHAM mas os resultados falam por si.
Uma lista atualizada das aves do Parque e região totaliza 238 espécies, com 193 no parque. A região abriga a maior parte das aves consideradas endêmicas da Caatinga exceto a arara-de-lear Anodorhynchus leari e táxons associados ao Vale do São Francisco (Hydropsalis vielliardi, Cranioleuca vulpina reiseri, Schoenophylax phryganophyla petersi e Saltator coerulescens superciliaris). Cinco espécies antes listadas para a região foram excluídas por estarem localmente extintas (Rhea americana, Cyanopsitta spixi, Sporophila maximiliani) ou identificações errôneas ( Synallaxis gr. ruficapilla, Formicivora grisea).
Objetivos específicos da unidade
O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Como objetivo específico, o Parque visa a conservar o patrimônio natural e o cultural com sítios arqueológicos e pré-históricos.
Ingressos
Desde março de 2018 foi suspensa a cobrança de ingresso no Parque Nacional da Serra da Capivara [Portaria nº 196, de 12/03/2018]. Porém, é obrigatório o acompanhamento de condutores credenciados para realizar a visita no parque.
Localização
O Parque está situado no sudeste do Piauí, a aproximadamente 500 quilômetros de Teresina, e abrange os municípios João Costa, Coronel José Dias, São Raimundo Nonato, e Brejo do Piauí.
Como chegar
Pela via Rodoviária, o acesso é feito pela BR-343 até a cidade de Floriano, seguindo pela PI-140 até São Raimundo Nonato. Para quem vem do sul do país, o acesso é feito pela BR-020 até a cidade de Petrolina/PE, que fica a 300 km de São Raimundo Nonato.
Já pela via Aérea, o aeroporto de São Raimundo Nonato ainda não opera voos comerciais. A pista de pouso recebe apenas pequenas aeronaves particulares. A distância da cidade de São Raimundo Nonato ao parque é de 20 Km. A cidade pernambucana de Petrolina está a 270 km do parque e conta com aeroporto internacional. Também é possível voar até Teresina e vir ônibus rodoviário ou carro particular (cerca de 500 km por estrada
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