O Forte dos Reis Magos é uma edificação militar histórica localizada na cidade de Natal, no estado brasileiro do Rio Grande do Norte. É administrada pela Fundação José Augusto, fundação do Governo do Rio Grande do Norte.
O forte foi o marco inicial da cidade — fundado em 25 de dezembro de 1599 —, no lado direito da barra do rio Potengi (hoje próximo à Ponte Newton Navarro). Recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis pelo calendário católico.
História - Antecedentes
No contexto da Dinastia Filipina, quando da conquista do litoral Nordeste do Brasil, então ameaçada por corsários franceses que ali traficavam o pau-brasil ("Caesalpinia echinata"), a barra do rio Grande (do Norte) foi alcançada por tropas portuguesas, sob o comando do Capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Manuel de Mascarenhas Homem, com ordens para iniciar uma fortificação.
Para a defesa do acampamento, junto à praia, foi iniciada uma paliçada de estacada e taipa, com a planta no formato circular, à moda indígena, a 6 de janeiro de 1598 (dia dos Santos Reis), enquanto se procedia à escolha do local definitivo para a fortificação ordenada pela Coroa: um recife, à entrada da barra, ilhado na maré alta e que, na vazante, permitia a comunicação com terra firme (SOUSA, 1885:75).
A fortificação no século XX
As dependências do forte serviram como prisão política para os implicados na Revolução Pernambucana de 1817. Entre eles destacou-se o seu líder no Rio Grande do Norte, André de Albuquerque, que faleceu em uma das suas celas, vítima de ferimento, naquele mesmo ano.
No contexto da Questão Christie (1862-1865) sofreu reparos em 1863 e, posteriormente, em 1874 (GARRIDO, 1940:50). SOUZA (1885) refere que, à época (1885), as suas muralhas se encontravam derrocadas, fazendo suas 14 peças de artilharia por terra (op. cit., p. 76).
Do século XX aos nossos dias
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) o forte esteve guarnecido por uma Bateria Independente de Artilharia de Costa.
Foi tombado pelo Patrimônio Histórico desde 1949 e esteve sob a administração da Fundação José Augusto, fundação pública ligada ao Governo do Rio Grande do Norte, de 1965 até dezembro de 2013. A última grande intervenção de conservação foi realizada em 2005, com recursos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em janeiro de 2014, a gestão do edifício foi transferida para o IPHAN.
Juntamente com a Igreja de Santo Antônio, a Catedral, o Museu de Sobradinho e o Palácio do Governo, a fortificação integra um conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e histórico-culturais na cidade. Considerada uma das atrações preferidas pelos turistas em Natal, conta com uma lanchonete e uma loja de artesanato nas suas dependências.
Em novembro de 2013, a administração da fortaleza foi repassada à União, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Sem investimentos, a Fortaleza entrou em processo de deterioração e abandono. Em março de 2018, a Fortaleza volta a ser administrada pela Fundação José Augusto com a perspectiva de ser revitalizada.
Características
O atual forte apresenta planta poligonal irregular, erguido em alvenaria de pedra e cal. Em torno do terrapleno, ao abrigo das muralhas, encontram-se dispostas a Casa de Comando, os Quartéis e os Depósitos; ao centro, ergue-se uma edificação de planta quadrangular, em dois pavimentos:
no pavimento inferior, situa-se a Capela, apresentando vãos em arco pleno;
no superior, acedido externamente por uma escada em dois lances e através de uma porta de verga reta, dispõe-se a Casa da Pólvora, coberta por uma cúpula piramidal. Nos vértices desta pirâmide, cunhais, cornija e pináculo completam o conjunto.
No terrapleno abre-se, ainda, a Cisterna.
O acesso ao forte é feito por uma passarela, da praia ao passadiço e, a partir daí, através de uma arcada à direita, saindo para o corredor. Outra escada dá acesso ao terrapleno e ao portão para a praça.
O forte seiscentista
A planta do novo forte, traçada no Reino em 1597, atribuída ao padre jesuíta Gaspar de Samperes (ou Gonçalves de Samperes), "mestre nas traças de engenharia na Espanha e Flandres" e discípulo do arquiteto militar italiano Giovanni Battista Antonelli, apresentava a forma clássica do forte marítimo seiscentista: um polígono estrelado, com o ângulo reentrante voltado para o Norte, construído em "taypa, estacada e area solta entulhada". As suas obras ficaram a cargo de seu primeiro comandante, Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618).
O seu segundo comandante foi João Rodrigues Colaço (GARRIDO, 1940:48), e a fortificação estava em condições de defesa já no início de 1602, artilhada e guarnecida por um destacamento de duzentos homens. Encontra-se representada por João Teixeira Albernaz, o velho, na obra atribuída a Diogo de Campos Moreno (Livro que dá Razão ao Estado do Brazil, c. 1616. Biblioteca Pública Municipal do Porto), no canto superior esquerdo do mapa do Rio Grande, como "Pranta do Forte que defende a barra do Rio Grande" (petipé em braças craveiras), artilhado com 10 peças em suas carretas, atirando à barbeta. Esta iconografia já reflete as obras de reconstrução executadas a partir de 1614, com planta do Engenheiro-mor e dirigente das obras de fortificação do Brasil, Francisco de Frias da Mesquita (1603-1634), quando adquiriu a atual conformação. Na ocasião, as suas muralhas foram melhoradas, recebendo contrapiso e contrafortes de reforço pelo lado do mar, bem como obras internas de habitação, em edifícios de dois pavimentos, que ficaram concluídas em 1628.
As suas características foram assim descritas por Câmara Cascudo:
"O forte se erguia, a setecentos e cinquenta metros da barra, em cima do arrecife, ilhado nas marés altas. É lugar melhor e mais lógico, anunciando e defendendo a cidade futura. A planta é do jesuíta Gaspar de Samperes, que fora mestre nas traças de engenharia, na Espanha e Flandres, antes de pertencer à Companhia de Jesus. É a forma clássica do forte marítimo, afetando o modelo do polígono estrelado. O tenalhão abica para o norte, mirando a barra, com os dois salientes. No final, a gola termina por dois baluartes. O da destra, na curvatura, oculta o portão, entrada única, ainda defendida por um cofre de franqueamento, para quatro atiradores e, sobrepostos à cortina ou gola, os caminhos de ronda e uma banqueta de mosquetaria. Com sessenta e quatro metros de comprimento, perímetro de duzentos e quarenta, frente e gola de sessenta metros, o forte artilhava-se de maneira irrepreensível. Atiraria por canhoneiras e a mosquetaria pela gola em seteira no cofre ou de visada na banqueta. A artilharia principal atirava à barbeta."
Este ponto turístico e histórico de Natal é um dos mais importantes da cidade. O Forte dos Reis Magos guarda uma grande herança sobre a história da cidade e sua fundação.
Se você quer fazer um roteiro mais cultural e conhecer sobre como a linda Natal nasceu, não deixe de conhecer este lugar.
Aberto para visitação, além de uma arquitetura cheia de conceito, o Forte dos Reis Magos tem uma vista magnifica.
Curiosidades sobre o Forte dos Reis Magos
Durante toda a sua existência, o Forte dos Reis Magos guarda algumas particularidades. Entre elas:
Para ter acesso ao Forte dos Reis Magos, você precisa fazer uma caminhada de aproximadamente 500 metros por uma passarela totalmente segura. Vale muito a pena pela vista do Rio Potengi e também da Praia de Genipabu. O final do dia nesta passarela é perfeito!
No centro do Forte você encontra uma pequena igreja. Sobre o teto desta fica um local secreto onde eram armazenados os armamentos e munições na época dos colonizadores.
O piso do Forte ainda é o original. Ele possui mais de 400 anos e estão muito bem conservados.
Não existia banheiro no Forte. O local que era habitação de capitães e soldados, tinha um espaço reservado para tais necessidade e os dejetos eram jogados ao rio.
Visitação do local
O Forte dos Reis Magos guarda canhões originais, ainda da época das invasões e outros artefatos do seu início. Vale muito a pena conhecer o local e desfrutar da linda vista do rio Potengi. O Forte dos Reis magos fica aberto diariamente das 08 horas até as 16h30.
O valor cobrado para ter acesso ao Forte é apenas 3 reais por pessoa e você tem guias credenciados para ensinar ainda mais sobre o local e ser agraciado com uma linda aula de história sobre Natal e também do Brasil.
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