sábado, 19 de setembro de 2020

Agroturismo como estratégia de fortalecimento ao meio rural



O rural, o espaço até então destinado apenas às atividades agrícolas tradicionais, passa a incorporar novas atividades, entre elas o Agroturismo. A entrada desse segmento de turismo no rural está inserida em um movimento maior ligado à expansão do modo de produção capitalista, especialmente no contexto da globalização.

O agroturismo é uma das diferentes modalidade de turismo no meio rural (em Portugal, no Brasil e outros), praticada por famílias de agricultores dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes do meio urbano.

Conceitualmente, o agroturismo constitui uma forma amena de promover o desenvolvimento sustentável e de exercer múltiplas atividades no espaço rural, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer as áreas e atividades agrícolas, os produtos locais, a culinária tradicional e a vida cotidiana dos habitantes dessas regiões. Tudo isso sempre respeitando os elementos de civilização e as características autênticas desse espaço, bem como o meio ambiente e a tradição.

Geralmente, são iniciativas dos proprietários em busca de um ganho extra, mas que, em tese, deveriam contribuir para fortalecer a economia local. Os passeios estão mais afeitos ao radicalismo da canoagem em corredeiras (rafting), descidas de cachoeira (rapel), escaladas e caminhadas por trilhas virgens, dentre outros.

Agroturismo como estratégia de fortalecimento da agricultura familiar

O agroturismo caracteriza-se por casas de habitação ou os seus complementos integrados numa exploração agrícola, caracterizando-se pela participação dos turistas em trabalhos da própria exploração ou em formas de animação complementar.

O agroturismo, que é o turismo feito nas propriedades rurais, tem chamado a atenção dos turistas e aumentado a lucratividade de muitos sítios.


O rural como espaço de lazer - "descoberto" a partir da apropriação do discurso ambientalista por parte da sociedade urbana - se desenvolveu baseado em potencialidades como paisagens, recursos naturais, ar puro, baixa concentração demográfica, culinária, aspectos culturais e históricos, saber fazer local. Tal descoberta parece indicar um reforço ou uma recuperação do interesse da sociedade pela vida rural, no mundo de hoje.

Independente do nível tecnológico presente na exploração, a propriedade que adota o agroturismo técnico deve ser caracterizada pela fidelidade com os princípios fundamentais da sustentabilidade de um sistema de produção, realçando os métodos e propósitos que buscam a proteção ambiental, a perenidade produtiva dos solos, e o respeito por todas as formas de vida. O turista deve “visualizar” praticas para melhoria contínua nos ambientes de produção bem como, práticas de segurança e saúde dos trabalhadores.

O turismo como um evento totalmente social acaba por acarretar uma interferência na dinâmica de vida da comunidade em que se desenvolve, pois em muitos locais, o turista não é sensível ao costume local, fazendo com que não se integre à sociedade, mas se confronte com ela.

Doxey apud Mathieson e Wall (1988,p.138) identificam cinco estágios que demonstram a postura da comunidade local com relação ao advento do turismo, são eles:

1°- Euforia – A comunidade local entusiasma-se e vibra com o desenvolvimento do turismo, onde recebe os turistas de forma efusiva e registram-se sentimentos de satisfação mútua. Surgem então as oportunidades de emprego, negócios e lucro devido ao fato do crescimento do número de turistas em conseqüência ao aumento de demanda.

2°- Apatia- A atividade cresce e se consolida, gerando um sentimento na população receptora de certeza com relação a rentabilidade do setor, fica o turista considerado meio de obtenção de lucro fácil. Passam então os contatos humanos a serem mais formais, gerando uma certa distância entre turista e comunidade local.

3°- Irritação- A medida em que o turismo começa a atingir níveis de saturação, a comunidade local passa a rejeitar os turistas, devido até mesmo ao fato desta comunidade não estar conseguindo suprir as necessidades e exigências da demanda.

4°- Antagonismo- A comunidade local responsabiliza os turistas por todos seus males e pelos problemas da localidade. O respeito mútuo e a polidez tornam-se inexistentes e o turista passa a ser hostilizado.Dentro destes males situam-se o aumento de criminalidade, prostituição, uso de drogas, aumento de impostos, etc.

5°- Arrependimento- Na ânsia de obter vantagens econômicas do turismo a população se conscientiza de que não considerou as mudanças que estavam acontecendo e nem pensou em impedi-las. Terá que conviver com o fato de que seu ecossistema nunca será o mesmo


A partir do conhecimento destes impactos sociais, comprova-se a importância de se chegar a um equilíbrio entre a proteção da identidade das populações das destinações turísticas e o desenvolvimento turístico da destinação. Devido à dificuldade de mensurar tal fenômeno por sua subjetividade, pesquisadores de diferentes áreas buscam alguns indicadores capazes de funcionar como determinantes destes impactos.

Ryan apud Fenell (2002,p.103-104) identificou alguns pontos-chave passíveis de

serem usados como indicadores. São eles:

O número de turistas;

O tipo de turistas;

O estágio do desenvolvimento do turismo;

O diferencial de desenvolvimento econômico entre as zonas de geração do turismo e

as zonas de recepção;

A diferença de regras culturais entre as zonas de geração do turismo e as de recepção;

A dimensão física da área, que afeta as densidades da população de turistas;

A extensão na qual os serviços do turismo são realizados por uma população de

trabalhadores imigrantes;

A quantidade de propriedades adquiridas por turistas;

A quantidade de propriedades, serviços e instalações mantidos pela população local;

As atitudes dos órgãos governamentais;

As crenças das comunidades anfitriãs e a força destas crenças;

O grau de exposição a outras formas de mudança tecnológicas, sociais e econômicas;

As políticas adotadas em relação à distribuição de turistas;

O marketing do local de destino e

A força original das práticas artísticas e folclóricas e a natureza destas tradições.


Alguns pontos, apesar de lógicos, são fundamentais de serem lembrados pelo agricultor interessado em praticar o agroturismo com sucesso: ações práticas de higiene pessoal demonstrando a todo momento saúde e disposição, além da higiene e limpeza de instalações, móveis e utensílios contribuem para obtenção de um selo de inspeção municipal, estadual ou federal que pelo menos oficializa a garantia de qualidade dos serviços prestados; outro ponto importante é a clareza nas ações relacionadas com a segurança no trabalho e do pessoal visitante, obras que facilitam o acesso de deficientes físicos, mentais, obesos e pessoal da terceira idade agregam valores inestimáveis de qualidade no atendimento e respeito à cidadania.

Depois de estruturado o circuito, e consolidada a parceria entre os agricultores e técnicos, os serviços são oferecidos à comunidade disponibilizando as atividades para visitação de faculdades, escolas técnicas, escolas do primeiro e segundo grau, empresas, grupos de produtores e turistas de um modo geral.

O agroturismo técnico propicia também troca de experiência entre os próprios participantes fortalecendo as relações de amizade, companheirismo, organização comunitária e principalmente o desenvolvimento local desencadeando uma imensa rede de negócios criando oportunidade de fixação do homem no campo.

AGROTURISMO

Atividades internas à propriedade que geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade. Devem ser entendidas como parte de um processo de agregação de serviços aos produtos agrícolas existentes nas propriedades rurais (paisagem, ar puro etc.) a partir do “tempo livre” das famílias agrícolas, com eventuais contratações de mão-de-obra externa. São exemplos de atividades associadas ao agroturismo: a fazenda-hotel, o pesque-pague, a fazenda de caça, a pousada, o restaurante típico, as vendas diretas da produção, o artesanato, a industrialização caseira e outras atividades de lazer associadas à recuperação de um estilo de vida dos moradores do campo, como por exemplo complexos hípicos, leilões e exposições agropecuárias, festas de rodeio.

A atividade de agroindústria é uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o beneficiamento do produto in natura. Com a implantação do turismo na propriedade, isto se potencializa, na medida que a comercialização do produto pode se dar dentro da própria propriedade, suprimindo o custo de distribuição e contribuindo para diversificar os atrativos do empreendimento.

Eis alguns exemplos: derivados do leite, embutidos, compotas, doces, verduras em conserva, licores/vinhos, biscoitos, roscas, massas, café, entre outros.

Saiba mais em: Agroturismo e desenvolvimento regional PDF


FENNELL, D. A .Ecoturismo:uma introdução.São Paulo: Contexto,2002.

MATHIESON, A ., WALL, G. Tourism – economic, physical and social impacts. New York: Longman, 1988




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