O turismo tem sido uma área de estudo onde, recentemente, vários autores têm dado um notório contributo, não obstante o caminho que pode ser percorrido nesta temática. Este fenómeno movimenta milhões de pessoas em todo o mundo, assumindo-se como um dos principais motores de uma economia à escala global. Todos os anos, em muito devido às alterações frequentes no ambiente de turismo, fomenta a competição entre e dentro dos destinos turísticos (Farhangmehr e Simões, 1999), tornando-a cada vez mais numa actividade multifacetada e geograficamente complexa, onde diferentes serviços são solicitados e fornecidos em diferentes estágios, desde a origem até ao destino (Pearce, 1991).
De acordo com Echtner e Jamal (1997), pese embora o turismo seja um fenómeno complexo que abarque várias disciplinas, a teoria existente é ainda bastante fragmentada, motivando a análise do potencial para desenvolvimento de teorias robustas, integradas e de natureza holistica, na ausência de uma teoria substancial (Dann, Nash e Pearce, 1988). Para Jafari e Aaser (1988), o turismo como área de estudo tem ganho espaço, espelhando o seu crescente reconhecimento na comunidade académica, numa aplicação de conceitos e métodos interdisciplinares.
O turismo influencia as características sociais, económicas e espaciais de diversos padrões populacionais sendo que inclui um complexo conjunto de actividades que envolvem uma amplitude de serviços, produtos e agentes económicos e sociais. A sua natureza vai para além da componente económica, na medida em que é formado por um conjunto de actividades que transformam um determinado número de recursos naturais e históricos genéricos sem os destruir (Pardellas, Aboy, Padín, Simões e Hanai, 2008). Por outro lado, a própria dinâmica social, económica e espacial exerce influência no surgir de oportunidades para o turismo e lazer (Dredge, 2001) configurando, muitas das vezes, uma nova estrutura territorial, social e económica (Evans, Campbell e Stonehouse, 2003). A própria gestão de um destino requer o seu posicionamento, dado que a imagem transmitida é um aspecto influenciador e determinante na decisão de compra (Simões, 2008), confirmada a forte posição da marca do destino para as próprias acções de marketing, fazendo parte da vida dos consumidores e das estratégias das organizações, o mesmo se aplicando ao turismo (Simões e Dibb, 2001). Neste âmbito, Oppermann (2000) foi determinante para o estudo da lealdade de um destino turístico. Na sua investigação, e tendo por base a literatura da lealdade à marca, o autor sugeriu um número de medidas de fidelização num estudo de natureza exploratória, que facilitará a previsão e estimativa da procura. O estudo incidiu sobre visitas à Austrália por parte de visitantes da Nova Zelândia.
A necessidade de planeamento de um destino turístico, em termos de marketing, poderá contribuir de forma decisiva para a criação de produtos de acordo com as necessidades de um mercado bem definido. Tal medida favorece a diferenciação face aos destinos concorrentes e proporciona o desejado sucesso no mercado (Kastenholz, Davis e Paul, 1999). Neste domínio, alguns autores tiveram um importante papel no que concerne às análises metodológicas do planeamento turístico. Desde logo, Getz (1986) contribuiu para a sistematização e integração da teoria e prática destes modelos, agrupando-os em: modelos teóricos (dos quais se destacam os sistemas integrais (e.g. Leiper, 1981), espacial/temporal (e.g. Hills e Lundgren, 1977; Young, 1983), motivacional/comportamental (e.g. Iso-Ahola, 1982; Fridgen, 1984), impactos económicos (e.g. Duffield, 1982) e impactos sociais/culturais (e.g. Kariel e Kariel, 1982; Jafari, 1983)), modelos de processo de gestão/planeamento (e.g. Bargur e Arbel, 1975) e modelos de previsão (e.g. Loeb, 1982).
Por outro lado, o estudo do planeamento de um destino turístico dificilmente estará indissociável do estudo do comportamento da procura e do consumidor em particular. Neste domínio, Swarbrooke e Horner (2007) destacaram-se ao nível do processo de decisão de compra do consumidor (determinantes, motivações e modelos do processo de tomada de decisão) bem como na sistematização de várias tipologias do comportamento turístico e segmentação do mercado. Para estes, a decisão de compra do um produto turístico resulta de um processo complexo e influenciado por factores internos e externos. Como factores internos destacam-se as motivações pessoais, a personalidade, a disponibilidade financeira, a saúde, os compromissos familiares, os compromissos profissionais, as experiências passadas, os hobbies e interesses, o conhecimento de possíveis feriados, o estilo de vida e as atitudes, opiniões e percepções. Nos factores externos, evidencia-se a disponibilidade de produtos adequados, o conselho do agente de viagens, as informações obtidas sobre destinações, organizações de turismo e meios de transporte para realizar a viagem, recomendação boca-a-boca de amigos e da família, problemas de saúde, promoções especiais e ofertas de organizações de turismo e clima da região de destino.
Os tipos de turismo definem-se pelos motivos da viagem e pelas características dos destinos, resultando de factores psicológicos, culturais ou profissionais intrínsecos ao indivíduo, que levam a uma crescente heterogeneidade ao nível da procura turística, potenciando novos tipos de turismo em diferentes contextos. A decisão de compra resultará, de acordo com Blackwell, Engel e Miniard (2005), da avaliação por meio da comparação de diferentes tendo em vista a satisfação da sua necessidade. Tal avaliação acontece através de um conjunto de atributos que podem ser vistos como propriedades ou características intrínsecas ao produto, sendo concretos, observáveis, mensuráveis e de elevada relevância na escolha final.
Por: Bruno Sousa; Cláudia Simões
Universidade do Minho/ Escola Superior de Gestão – IPCA e Universidade do Minho
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