Há 300 anos, o Pampa era como um grande salão de baile, sem cercas e sem fronteiras. Até então, não existia um grupo que pessoas que se chamasse "gaúcho". As missões jesuíticas tinham sido destruídas e o rebanho, que havia sido trazido pelos padres para alimentar os povoados, se dispersava pelos campos dando origem a grandes rebanhos livres. Foi o padre jesuíta quem criou a estância gaúcha. Preocupado com a crise de fome que assolava os Povos, em 1634 o Padre Cristóbal de Mendonza trouxe mil cabeças vacuns desde a Argentina, gado esse que foi distribuído em "estâncias" para o abastecimento dos Povos. Alguns ficavam distantes das Missões, como a de Santa Tecla, hoje no município de Bagé. Para cuidar das estâncias, os jesuítas treinaram a cavalo índios "vaqueros", que logo iriam se somar aquele denso caldo humano do qual vai brotar o Gaúcho.
"Indios tapes de las misiones, recorrían esas campañas, cazando el ganado, cuereando y sebeando; arreando tropas, así de yegunos y mulares como de vacunos, y contrabandeando, disfrutando de la libertad más total ("sin ley ni rey ni Dios", dicen los documentos coetáneos), de aquellas tierras "de nadie", de aquella condición fronteriza, en la máxima latitud del vocablo. Denominados vagabundos de campo, camiluchos, changadores y gauderios, eran la raíz, la esencia formativa de los gaúchos". Historia Del Gaucho", escrita por Fernando Assunção, informa ter encontrado em 1771 uma correspondência ao governador Vertiz, de Buenos Aires, pedindo providências contra "alguns gahuchos" que andavam assaltando estâncias e roubando na região.
Nós tínhamos desertores dos exércitos espanhol ou português. Nós tínhamos índios dispersos das missões e mestiços, resultado do estupro das índias missioneiras. Então, não há uma unidade, um tipo humano que se possa dizer gaúcho
No início dos cercamentos dos campos, aqueles grupos de gaúchos foram, aos poucos, sendo integrados às lidas campeiras em estâncias ou fazendas como peões.
Segundo Barbosa Lessa, em seu livro Rodeio dos Ventos, publicado pela Editora Mercado Aberto, 2a edição, o primeiro registro da palavra se deu em 1787, quando o matemático português Dr. José de Saldanha participava da comissão demarcadora de limites Brasil-Uruguai. Em uma nota de rodapé do seu relatório de trabalho, o luso teria anotado a expressão usada pelos da terra para referir-se àqueles índios cavaleiros.
A expressão "gaúcho" torna-se corrente nos documentos a partir de 1790 como sinônimo de gaudério e também para designar os ladrões de gado que atuavam nos dois lados da fronteira.
Uma coisa é certa: até a metade do século dezenove, o termo gaúcho era ainda depreciativo, aplicado aos mestiços de espanhol e português com as índias guaranis e tapes missioneiras. Esses homens sem religião nem moral, na maioria índios ou mestiços que os portugueses designavam pelo nome de Garruchos ou Gahuchos.
Quanto à origem da palavra, há muitas divergências. Alguns autores afirmam que o termo gaúcho vem do Guarani. Significaria "homem que canta triste", aludindo provavelmente à "cantilena arrastada dos minuanos".
A maioria dos autores rio-grandenses, no entanto, aceita outra explicação: seria uma corruptela da palavra Huagchu, de origem quêchua, traduzida por guacho, que significa órfão e designaria os filhos de índia com branco português ou espanhol, "registrados nos livros de batismo dos curas missioneiros simplesmente como filho de fulano com uma china das Missões", de acordo com Augusto Meyer.
É denominado gaúcho o indivíduo dedicado às áreas pastorais do sul do Brasil, Argentina e Uruguai. Embora seja usado em todo o Rio da Prata e no Brasil em geral, não há certeza absoluta sobre a origem da palavra gaúcho. A teoria mais aceita é que o termo tenha origem no quéchua (família de línguas originária dos Andes centrais) "huachu", que significa órfão ou vagabundo. Os colonizadores espanhóis adulteraram o termo, passando a se referir aos órfãos como "guachos" e aos vagabundos como gaúchos.
A expulsão dos jesuítas das Missões Orientais, produz em meados do século XVIII, um grande êxodo de índios para o sul. Esta nova população se espalha pelos campos e logo muda a sua maneira de ser, passando de agricultores humildes sob a tutela dos jesuítas a rústicos cavaleiros, misturando-se aos colonizadores europeus. Pode-se dizer com certeza que o tipo primitivo que daria origem ao gaúcho se desenvolveu na região da Banda Oriental (Uruguai) durante todo o século XVIII. Seu ambiente característico é a planície que se estende da Patagônia às fronteiras orientais da Argentina, alcançando o estado do Rio Grande do Sul no Brasil, notoriamente conhecida como pampa.
Dessa mistura de indígenas, espanhóis e portugueses, na existência livre e selvagem do território, surge o tipo nacional do gaúcho. Sem patrão e sem lei, o gaúcho foi, inicialmente, nômade.
Suas roupas eram funcionais, reflexos de uma origem nômade. Com o passar dos séculos, a indumentária ou pilcha do gaúcho certamente sofreu modificações, e por outro lado conservou certas características. Entre os componentes mais populares da vestimenta de um gaúcho incluem-se o lenço, chapéu de aba larga ou então chapéu de pança de burro, colete, camisa, bombacha, chiripá, boleadeiras, guaiaca (cinto largo, preso por duas fivelas na parte dianteira com coldre para revólver e bolsos laterais), tirador (avental de couro macio que os laçadores usam pendente da cintura) poncho (capa que cobria frente e costas), bota de garrão de potro (bota que não possui cobertura para os dedos dos pés), etc.Algumas vezes o termo também é considerado similar ou equivalente a outros estilos de vida rurais em outras culturas, como o americano cowboy, chileno huaso e mexicano charro, por exemplo. Os ancestrais europeus dos gaúchos seriam principalmente espanhóis, e não portugueses, como é mais comum em outras partes do Brasil. Isso porque a região dos pampas foi, por muito tempo, disputada entre Portugal e Espanha e só foi transferida da Espanha para Portugal em 1750.
O gentílico "gaúcho" foi aplicado aos habitantes da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul na época do Império Brasileiro, por motivos políticos, para identificá-los como beligerantes até o final da Guerra dos Farrapos, sendo adotado posteriormente pelos próprios habitantes por ocasião da pacificação de Caxias, quando incorporou muitos soldados gaúchos ao Exército ao final do Confronto, sendo Manuel Luís Osório um gaúcho que participou da Guerra do Paraguai e é patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, quando valores culturais tomaram outro significado patriótico, os cavaleiros mouros se notabilizaram na Guerra ou Confronto com o Paraguai. Também importante para adoção dessa cultura viva para representação do estado do Rio Grande do Sul é a influência do nativismo argentino, que no final do século XIX expressa a construção de uma das maiores culturas se não a maior do Brasil.
Também importante para adoção dessa cultura viva para representação do estado do Rio Grande do Sul é a influência do nativismo argentino, que no final do século XIX expressa a construção de uma das maiores culturas se não a maior do Brasil. O uso do gentílico "gaúcho" como sinônimo de sul-rio-grandense surgiu após o movimento literário romântico e regionalista de fins do século XIX e início do século XX, quando as raízes dos habitantes locais começaram a ser investigadas e valorizadas.
“Inicialmente é bom que se diga que os revoltosos da Revolução Farroupilha eram rio-grandenses, especialmente. Pelo menos do nosso conhecimento não encontramos documentação, jornais e nem mesmo na proclamação da “República de Piratini”, há referências ao nome de gaúchos, especialmente. É bem possível que muitos gaúchos tenham peleado a favor dos Imperiais, ou contra estes, do lado dos farrapos…” (CÔRTES, PAIXÃO, 1981)
Ou seja, não é desde sempre que quem nasce aqui, é conhecido e chamado de gaúcho, e sim no passado éramos exclusivamente Rio-Grandenses. Nosso alerta é a certos tradicionalistas que apelam frequentemente para os “gaúchos de 35” procurando simbolizar os rio-grandenses de 1835. (…) A palavra gaúcho, usada para designar o rio-grandense começa a ter essa acepção a partir da metade do século XIX.”(CÔRTES, PAIXÃO, 1979)
Paixão também cita, que a primeira literatura que trouxe a palavra gaúcho, foi em 1851, e definia como “índio do campo, sem domicílio certo”.
Côrtes afirma ainda que o termo
“gaúcho” começa a ser usado no Brasil depois da metade do século XIX
e que, no livro do autor uruguaio Fernando Assunçao, El Gaúcho, de
1963, há uma primeira citação do termo em um documento que data de
1771, dizendo que a palavra “gaúcho” é “[...] empregada a homens que
viviam em atividade rural, na vasta área que se estendia das bandas
Cisplatinas até o sul do Brasil Colônia” (CÔRTES, 1985, p. 15).
A referência mais aceita é o estudo realizado pelo uruguaio Fernando Assunção, no seu livro “El Gaucho” de 1963. O próprio autor, encontrou a primeira escrita da palavra gaúcho (gaucho em espanhol) em documento que data 23/10/1771. Isso mesmo, 1771!!! Em sua obra, Fernando Assunção destacou cerca de 30 possíveis origens, onde algumas cito abaixo:
Guasso – denominação dada ao campesino chileno. Da forma guasucho.
Gatucho – é a primeira pessoa do presento do indicativo do verde gaudere; ter gosto pela liberdade;
Gaudério – teria se originado de gaudeo, nome atribuído aos homens da banda Oriental;
Galucho – recruta em português;
Garrucho – portador de garrucha, homem que usava aquela meia-lua de metal na extremidade de uma vara de madeira, com que desgarronavam (cortar o garrão) dos animais, no período da “Courama”;
Gahucho – pronúncia de garrucho, no linguajar tupí ou guaraní;
Com o passar dos tempos, a partir do estabelecimento das fazendas de gado e com a modificação da estrutura de trabalho, foram alterados os seus costumes, tanto no trajar quanto na alimentação. Mais tarde, já integrado à sociedade rural como trabalhador especializado, passou a ser o peão das estâncias.
Atuando como instrumento de fixação portuguesa no Brasil Meridional, o gaúcho contribuiu para a defesa das fronteiras com as Regiões Platinas, participando ativamente da vida política do país. A partir disso, o reconhecimento de sua habilidade campeira e de sua bravura na guerra fizeram com que o termo "gaúcho" perdesse a conotação pejorativa. Após a Revolução Farroupilha, o gaúcho passou a ser considerado sinônimo de homem digno, bravo, destemido e patriota.
Por fim, ainda que a "prenda" tenha um papel comumente subalterno na dinâmica tradicionalista (a palavra significava "objeto de apreço")
Saiba mais sobro a origem.
Tradicionalismo gaúcho ou gauchesco é uma corrente cultural regionalista formada em torno da exaltação da figura e dos costumes do gaúcho, um tipo humano que originalmente floresceu na região campeira do Rio Grande do Sul, no Brasil, com similares no Uruguai e Argentina.
O tradicionalismo Gaúcho é uma das marcas mais fortes e presentes na memória das pessoas ao pensar em Rio Grande do Sul. O termo gaúcho teve uma trajetória semântica notável. De início, significava contrabandista, vagabundo, antigregário, incivilizado, antissocial. Hoje significa valores positivos em grau aumentativo. Mas, apesar de o gaúcho ser comum a essas três regiões, o movimento tradicionalista apresenta particularidades locais bem marcadas. O gaúcho, no Uruguai e na Argentina, é apropriado e festejado pelos tradicionalistas daqueles países como uma figura emblemática nacional, enquanto no Rio Grande do Sul representa como um sinal diacrítico para a construção das identidades regionais em relação às identidades nacionais brasileiras .
Representando o nativismo. Ex... Amor que a pessoa tem pelo chão onde nasceu, onde é nato. Associado ao nativismo, existem duas palavras muito utilizadas: pago, que é onde se nasceu e querência, onde se vive. Exemplo: "Eu sou dos pagos do Alegrete, mas estou aquerenciado em Porto Alegre".
Expansão
Com tanto apoio institucional, desde então o tradicionalismo gaúcho vem conhecendo uma expansão extraordinária. Em meados da década de 1980 já havia mais de 800 CTGs, piquetes, grupos folclóricos, associações, grêmios e outras entidades gauchescas espalhados pelo estado, mais de 300 já haviam sido fundados em Santa Catarina, mais de 100 no Paraná, e vários outros começavam a aparecer em outros estados, acompanhando um grande êxodo de rio-grandenses para outras partes do Brasil. Em 1987 foi fundada a Confederação Brasileira de Tradição Gaúcha. Segundo dados do MTG, atualmente existem mais de 2.800 CTGs em todo o território nacional, e mais de 10 fora do país (Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Israel, Paraguai e Portugal).Esportes e culinária
Entre os esportes mais tradicionais estão as cavalgadas, as corridas de cavalos (carreira ou cancha reta) e os rodeios, eventos com competições de laço e doma de cavalos e touros, exposição de animais e apresentações de grupos folclóricos.
Segundo Dalmoro & Nique, "estima-se que ocorram no estado cerca de 400 rodeios por ano, envolvendo em torno de cinco mil pessoas, entre competidores e expectadores em cada evento. [...] Cada rodeio, além de oportunizar o contato do público e dos participantes com atividades campeiras, movimenta um mercado que vai desde a exposição de marcas patrocinadoras, mídia de divulgação do evento, expositores, comercialização de produtos tradicionalistas e alimentação". Entre os jogos tradicionais aparecem a bocha, o truco, o tetarfe, o jogo do osso e jogo da argola.
Sua culinária é rica, recebendo a influência de tradições europeias, indígenas e negras. São pratos de grande popularidade o churrasco, um assado de carnes variadas em espetos sobre brasas, podendo ser acompanhado de farinha de mandioca, pão e cebolas assadas, e o carreteiro, um cozido de arroz com temperos e pequenos pedaços de charque ou de sobras de churrasco; também são apreciados ensopados, carnes de porco, peixe, ovelha e galinha, pastelaria, doces de panela, rapaduras e conservas de frutas, roscas e pães artesanais; bebidas como o chimarrão, o café, a cachaça e o quentão. Há um bom aproveitamento de plantas nativas como abóbora, amendoim, cará, batata-doce, banana, ananás.
Práticas
A expressão do gauchismo pode ocorrer em uma larga variedade de meios. São especialmente relevantes os artísticos, os comportamentais, os associativos e celebrativos, os esportivos e os cívicos. Nas expressões artísticas se destacam a música, a dança, a poesia e literatura. Nas associativas e celebrativas, a frequentação de CTGs e "galpões crioulos", as festas em datas marcantes, os bailes e jantares, as festas juninas, os acampamentos coletivos, onde sempre a culinária tem uma importante participação. O esporte está basicamente ligado às artes da cavalaria e do pastoreio, mas há uma variedades de jogos e brincadeiras de salão e de ar livre que podem ser incluídos nesta categoria. Também dela fazem parte concursos, gincanas e campeonatos. Entre as expressões comportamentais se encontram os modos de falar, vestir e interagir com outros.[
Ao gaúcho que cultua as tradições são impostas várias obrigações morais, onde se incluem a observação da lei em vigor e dos regulamentos da entidade à qual estiver filiado (se estiver), a obrigação de preservar e defender a história, a identidade e os costumes tradicionais, honrar a pátria brasileira e o solo gaúcho, bem como a participação na comemoração de eventos cívicos e datas simbólicas, como o 20 de Setembro e a Semana Farroupilha, que envolvem variadas cerimônias oficiais, recepção de autoridades, discursos, desfiles com piquetes de cavalarianos, delegações de entidades e grupos típicos. Seu comportamento pessoal deve ser um exemplo de virtudes
Hino Riograndense
Como a aurora precursora, Do farol da divindade
Foi o Vinte de Setembro, O precursor da liberdade.
Refrão
Mostremos valor, constância, Nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas, De modelo a toda terra.
De modelo a toda terra, Sirvam nossas façanhas, De modelo a toda terra.
Mas não basta pra ser livre, Ser forte aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude, Acaba por ser escravo.
Mostremos valor, constância, Nesta ímpia e injusta guerra.
Sirvam nossas façanhas, De modelo a toda terra.
De modelo a toda terra, Sirvam nossas façanhas, De modelo a toda terra.
Curiosidade
História do Charque
No Brasil, o início da produção do charque foi no Nordeste, cuja ocupação do seu interior no fim do século XVII, depois da Guerra dos Bárbaros, se intensificou com a implantação das estâncias de gado. O charque era produzido, assim como no Altiplano Andino, para a manutenção da carne. Basicamente, servia para a alimentação dos escravos que trabalhavam no Ciclo da cana-de-açúcar.
Os mercados produtores de carne bovina eram os estados de Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Pernambuco e Bahia eram os mercados consumidores. Com a desvalorização do rebanho durante o transporte para abate nos mercados consumidores, os produtores começaram a abater os animais e conservar a carne em sal, nos locais mais próximos aos portos, como Aracati, no Ceará, e nas salinas de Mossoró. Gado e sal foram os negócios que renderam lucros para suas capitanias produtoras.
Porém, com a seca iniciada em 1777, conhecida como a Seca dos três setes, que se prolongou com estiagens até 1779, a produção de charque no nordeste se tornou inviável devido à morte dos rebanhos das fazendas produtoras, o que provocou uma crise econômica e social na região. Assim, o estado do Rio Grande do Sul, que naquela altura já tinha um enorme rebanho, passou a liderar a produção de carne, no mesmo período em que foi assinado o Tratado de Santo Ildefonso, que permitia uma trégua na luta entre espanhóis e portugueses, possibilitando investimentos econômicos na região, até então exclusivamente criadora de gado, através das estâncias.
Em 1780, na cidade de Pelotas, foi construída a primeira charqueada de que se tem registro, por José Pinto Martins, refugiado da seca cearense.[6] Pouco depois, numerosos outros estabelecimentos foram construídos, e o charque passou a ser exportado ao Nordeste, iniciando-se o Ciclo do charque em Pelotas.
No século XIX, o charque era utilizado como alimento dos escravos da cafeicultura em todo o Brasil (o outro alimento utilizado era o bacalhau) e nas regiões que adotavam o sistema escravista, como o Caribe (principalmente Cuba). Era também utilizado pelas camadas pobres da população livre, por ser barato e dispensar refrigeração. O charque era quase exclusivamente produzido pelo Brasil, com concorrência do Uruguai e da Argentina. Até o final do ciclo do Charque, o Rio Grande do Sul era o maior produtor de charque do Brasil.
O CHARQUE:
O charque (em quíchua: charki ou em araucano charqui, carne salgada) é uma carne salgada e seca ao sol com o objetivo de mantê-la própria ao consumo por mais tempo. Tem uma salga e exposição solar maiores que outras carnes dessecadas, sendo empilhado como mantas em lugares secos para desidratação. Não é rara a utilização dos termos charque, carne-seca e carne de sol como sinônimos, no entanto a diferença reside basicamente no modo de preparação.
ENXERCA:
Processo usado na Europa principalmente em Portugal que consistia em colocar pedaços de carne num pote com sal, depois deixar secar no sol, essa era a forma como os europeus mantinham a carne para consumo por mais dias depois do abate. Daí surge o nome CHARQUE oriundo da palavra ENXERCA.
SALGA SIMPLES:
Coloca-se bastante sal na carne, deixa calar na sombra depois coloca-se no SOL.
SALMOURADA:
Coloca-se a carne numa barrica ou recipiente numa água com muito sal, conhecida por salmoura e deixa-se por uns dias. Hoje é um processo condenado pela disseminação das bactérias.
CHACINA:
Palavra oriunda de chaço, ou seja pedaços, que obviamente significa pedaços de carne, que eram salmouradas e curadas na sombra depois no sol. Comum na Argentina.
CARNE DE SOL:
Usado no norte, nordeste do Brasil, onde o sol é forte e constante, portando o uso de pouco sal, também a princípio usava-se tiras de carne.
CHARQUE DAS ESTANCIAS (CASEIRO):
É o charque caseiro feito por todos os gaúchos, consiste em salgar a carne e deixar secar no sol, protegido das moscas, neste caso é comum em dias de sol, observar nos telhados, ou pendurados a carne exposta ao sol.
CARNE DE VENTO:
Neste caso a carne é seca na sombra, para manter a textura, muito comum em lugares que o vento tem pouca umidade como no caso o NORDESTE, é considerado um dos melhores charques.
CHARQUE INDUSTRIAL:
Nas charqueadas quando o gado era abatido, se retirava as MANTAS de carne, partes largas e quadradas. Estas mantas eram salgadas e colocadas em pilhas, sobre elas o couro e sobre eles um peso e essas pilhas ficavam um determinado tempo DESIDRATANDO toda a água expurgada pelo SAL. Depois essas mantas iam para os VARAIS para receberem o SOL, depois voltam para a pilha podendo ficar meses durante o inverno. Na hora da venda eram colocados enrolados em sacos e estariam prontos para ser consumidos.
CHARQUES DE PORCO, OVELHA:
Seguem o mesmo processo, porém o chamado Charque de Chalona feito do capão, tem uma particularidade que é salgar, salmourar e secar a peça com ossos o que segundo a gauchada que faz, é incomparável, porque dizem os antigos: Onde tem osso com carne a coisa é muito gostosa. (obs: serve para o porco).
TASANO:
Mergulha-se a carne na salmoura forte e deixa ali por um mês no mínimo. Depois deixa num varal secando pelo menos uns sete dias (com sol). Depois defuma-se até atingir a cor dourada semelhante ao presunto, tasano em castelhano é charque comum.
O ARROZ CARRETEIRO:
Prato rápido, feito na beira da estrada, simples preciso e gostoso, quando o charque e o arroz com um pouco de água e a mão de um carreteiro cheio de aventuras cozinhavam a comida dos andarilhos.
Fonte: Prof.Beraldo, internet e livro Evolução das Charqueadas no Rio Grande do sul do autor Alvarino da Fontoura Marques.
Fonte:
CÔRTES, João Carlos D’Ávila Paixão. Aspectos da música e fonografia gaúchas. Porto Alegre: Represom, 1985.
Augusto Meyer. História Ilustrada do Rio Grande do Sul – Edição Revisada e ampliada/2015
http://www.paginadogaucho.com.br/old/9612/index.htm
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